Blog do Oríosè: agosto 2011

Dança das Cabaças – Exú no Brasil

 

 

Finalmente o filme está disponível (depois de um ano de promessas) para ser compartilhado com o público da rede, sem fins lucrativos. Pensamos em comercializar em DVD mas achamos que é muito mais interessante promover um contato imediato entre o vídeo e os internautas, ainda mais se tratando de uma obra que apesar de ser autoral é educativa.
Quem quiser fazer download do filme ou assistir em melhor definição
clique aqui , mas lembramos que a definição do arquivo para download (Quicktime MOV em 480x360, 439.21MB)é de baixa definição, para evitar que o filme seja pirateado e comercializado por lojas de artigos religiosos (umbanda e candomblé) como acontece com vários filmes (Na Rota dos Orixás, Pierre Fatumbi Verger...) e obras fonográficas, ou seja, se a obra é de graça, não faz sentido algum um comerciante de produtos religiosos explorar um bem cultural que está aí para levantar debate, esclarecer e principalmente contrapor o preconceito e a perseguição às religiões brasileiras de matrizes africanas promovida por alguns segmentos neo-pentencostais e pela falta de informação.
Boa Sessão,
Kiko Dinucci

Trazido pelos escravos com outros Deuses do panteão Yoruba, Exu foi colocado à margem e passou por um processo de demonização que se inicia na missão católica na África e se estende no período colonial brasileiro, onde seus atributos originais foram ocultados.
Exu que na África era caracterizado como o princípio da vida, a força que move os corpos, a dinâmica, o senhor dos caminhos e das encruzilhadas, a principal ponte entre os mortais e as divindades que habitam o além, passa a ser visto como a personificação do mal perante o modelo cristão, devido ao seu seu símbolo fálico e seu comportamento astucioso.
Dirigido por Kiko Dinucci, o filme passa pelas diversas vertentes das religiões afro-descendentes, dos candomblés (de tradição Nagô, Gege, Bantu), Tambor de Mina, passando pela Umbanda e Quimbanda. Dança das Cabaças-Exu no Brasil conta com participações de Sacerdotes e estudiosos.

Clique Aqui e Assista Online

Fonte: dancadascabacas.blogspot.com

Bori - Ajalá criou o Ori

Bori - Ajalá criou o Ori

O BORI é o ritual que harmoniza o ORI, dando assim a possibilidade de transformar um " ORI BURUKU" em "ORI RERE".
É através do Jogo de Búzios que o Bàbálòrìsá e/ou Ìyálòrìsá recebe as instruções para realizar este ato (BORI) ritualístico que possibilitará não só a mudança da sorte como também a manutenção da mesma, para que não se perca.

É o BORI que diminui a ansiedade, o medo, a dor e a tristeza, trazendo a esperança, alegria e a harmonia. Desta forma, o BORI é uma das oferendas mais importantes que visa o bem estar individual no Candomblé.

O Ritual de Bori é muito sério, complexo e profundo. Por isso, o Sacerdote deve ter grande conhecimento e respeito em relação à questão do Ori e da evolução humana. Ori é o Orisá mais importante na vida de um homem, uma vez que, sem ele, o homem simplesmente não existiria. Ori significa, literalmente, cabeça e é, misticamente, o primeiro Orisá a ser cultuado. É ele o portador do destino humano.

O Ritual de Bori independe de qualquer processo iniciático e independe do culto aos outros Orisás.(variando assim de casa para casa, mas, sem fugir da finalidade em si). Seu objetivo é o de alimentar o Ori, seja qual for o sexo, raça, profissão, idade, nível social da pessoa. Com este ritual busca-se o equilíbrio através da ação do Ori, condutor do destino pessoal. Muitas vezes se realiza um ritual de Bori com o objetivo de afastar o mal do caminho da pessoa, o que não significa que, retirada esta ameaça nenhum outro mal possa ocorrer. Assim sendo, o Ritual de Bori não tem "prazo de validade", não tem freqüência determinada (anual, semestral, mensal, etc.), devendo ser repetido sempre que se mostre necessário.

O Odu manifestado através do" jogo" é que determina a necessidade de realização do Bori e indica quais materiais devem ser usados. Há dois tipos de Bori:

Aquele que é considerado pré-requisito para uma iniciação, ou seja, primeiramente se alimenta o Ori, divindade pessoal, para a seguir, alimentar outros Orisás.

Aquele realizado a fim de buscar a solução de um problema que aflige a pessoa através do alimento oferecido ao seu Ori, sem que haja necessidade de iniciação.

O local mais apropriado para realização deste ritual é a casa de santo. Este deve ter bom senso quanto a necessidade de recolhimento. Se o Bori for acompanhado de Eje, é recomendável o recolhimento como meio de repouso e proteção, pois o Ori que está sendo venerado não deve receber energia do sol nem do sereno. O recolhimento evita, ainda, que a "sombra daquele que passou pelo bori seja pisada."

O Sacerdote deve saber que durante este ritual a pessoa somente poderá entrar em transe no momento que seu Orisá for louvado. No bori, não se tem o costume de ter a presença do Òrìsá, uma vez que é um ritual destinado a "alimentação da cabeça". Deve conhecer a finalidade e o significado de cada material que usa. Omi, Obi e Orogbò, por exemplo, são elementos indispensáveis no BORI. Omi, a água, representa paz, abundância e fertilidade, enquanto o Obi e o Orogbò é usado para aplacar a fúria das adversidades, alimentar e agradar às divindades.

O jogo de búzios determinará, através de Odu, que material deve ser usado no Bori e este material poderá ser desde apenas uma quartinha com água e um Obi até uma oferenda maior.

ORI RERE = ORI de sorte = Cabeça de sorte, cabeça iluminada
ORI BURUKU = ORI sem sorte = Cabeça sem sorte, confusa, insegura, ruim
ORI INU = "Cabeça Interna"

É o ORI INU que gerencia a cabeça física do homem.
É o Òrìsá mais importante do ser humano, pois ele é ÚNICO, cada pessoa tem o seu. É Ele quem conhece e está ligado ao destino de cada indivíduo, conhece e sabe das suas restrições, das suas fragilidades , das suas potencialidades. É no ORI que se encontra a ferramenta para a solução dos nossos problemas…

Quando estamos em harmonia com ele, superamos os obstáculos mais facilmente e assim, certamente conectados à positividade interna e à dinâmica perfeita da natureza, encontramos a vitória e o sucesso na concretização dos nossos objetivos pessoais….
Da fusão da palavra bó, que em yoruba significa oferenda, com ori, que quer dizer cabeça, surge o termo bori, que literalmente traduzido significa “Oferenda à Cabeça”. Do ponto de vista da interpretação do ritual, pode–se afirmar que o bori é uma iniciação à religião, na realidade, a grande iniciação, sem a qual nenhum noviço pode passar pelos rituais de raspagem, ou seja, pela iniciação ao sacerdócio. Sendo assim, quem deu bori é (Lesè Òrìsà).


Cada pessoa, antes de nascer escolhe o seu Ori, o seu princípio individual, a sua cabeça. Ele revela que cada ser humano é único, tendo escolhido suas próprias potencialidades. Odu é o caminho pelo qual se chega à plena realização de ori, portanto não se pode cobiçar as conquistas do outro. Cada um, como ensina Orùnmilá – Ifá, deve ser grande em seu próprio caminho, pois, embora se escolha o Ori antes de nascer na Terra, os caminhos vão sendo traçados ao longo da vida.
Os mais antigos souberam que Ajalá é o Òrìsá Funfun responsável pela criação de Ori. Dessa forma, ensinaram–nos que Osàálá sempre deve ser evocado na cerimônia de bori. Yemoja é a mãe da individualidade e por essa razão está diretamente relacionada a Ori, sendo imprescindível a sua participação no ritual.


A própria cabeça é síntese de caminhos entrecruzados. A individualidade e a iniciação (que são únicas e acabem, muitas vezes, se configurando como sinônimos) começam no ori, que ao mesmo tempo aponta para as seguintes direções:


OBI ORI - A TESTA
OBI OKAN - O CORAÇÃO
OPA OTUM - MÃO DIREITA
OPA OSSI - MÃO ESQUERDA
ESE OTUM - PÉ DIREITO
ESE OSSI - PÉ ESQUERDO


Da mesma forma, a Terra também é dividida em quatro pontos: norte, sul, leste e oeste; o centro é a referencia, logo toda pessoa deve se colocar como o centro do mundo, tendo à sua volta os pontos cardeais: os caminhos a escolher e seguir. A cabeça é uma síntese do mundo, com todas as possibilidades e contradições.
O bori prepara a cabeça para que o Òrìsá possa manifestar–se plenamente. Há um provérbio nagô que diz: Ori buruku kósi Òrìsá (A cabeça ruim não tem orixá. É o bori que torna a cabeça boa. Entre as oferendas que são feitas ao ori algumas merecem menção especial. É o caso da galinha d’angola, chamada nos Candomblés de etú ou konkém, que é o maior símbolo de individuação e representa a própria iniciação. A etú é adosú, ou seja, é feita nos mistérios do òrìsá. Ela já nasce com osù, por isso relaciona–se com começo e fim, com a vida e a morte, e por isso está no bori e no asèsè.


O peixe representa às potencialidades, pois a imensidão do oceano é a sua casa e a liberdade, o seu próprio caminho. As comidas brancas, principalmente os grãos, evocam fertilidade e fartura. Flores, que aguardam a germinação, e frutas, a germinação, simbolizam fartura e riqueza.


O pombo branco é o maior símbolo do poder criador, portanto não pode faltar. A noz cola, isto é, o obi é sempre o primeiro alimento oferecido a ori; é a boa semente que se planta e espera-se que dê bons frutos.


Todos os elementos que constituem a oferenda à cabeça exprimem desejos comuns a todas as pessoas: paz, tranqüilidade, saúde, prosperidade, riqueza, boa sorte, amor, longevidade, mas cabe ao Ori de cada um eleger prioridades e, uma vez cultuado como se deve, proporcioná-las aos seus filhos.



Nenhum Deus abençoa o homem, sem que sua cabeça o permita.

Fonte: www.toluaye.com

O que é ASÈ ????

O que é ASÈ ????

"Energia mágica, universal sagrada do orixá. Energia muito forte, mas que por si só é neutra. Manipulada e dirigida pelo homem através dos orixás e seus elementos símbolos."

O elemento mais precioso do Ilê, é a força que assegura a existência dinâmica. É transmitido, deve ser mantido e desenvolvido, como toda força pode aumentar ou diminuir, essa variação está relacionada com a atividade e conduta ritual. A conduta está determinada pela escrupulosa observação dos deveres e obrigações, de cada detentor de axé, para consigo, ser orixá e para com seu ilê. O desenvolvimento do axé individual e do grupo, impulsionam o axé de ilê.

"O axé dos iniciados está ligado, e diretamente proporcional a sua conduta ritual - relacionamento com seu orixá; sua comunidade; suas obrigações e seu babalorixá."

A força do axé é contida e transmitida através de certos elementos e substâncias materiais, é transmitido aos seres e objetos, que mantém e renovam os poderes de realização. O axé está contido numa grande variedade de elementos representativos dos reinos: animal, vegetal e mineral, quer sejam da água - doce ou salgada - da terra, floresta - mato ou espaço urbano. Está contido nas substâncias naturais e essenciais de cada um dos seres animados ou não, simples ou complexos, que compõem o universo.

Os elementos portadores de axé podem ser agrupados em três categorias:

1) "sangue" vermelho
2) "sangue" branco
3) "sangue" preto

O "sangue" vermelho compreende:
a) do reino animal: o sangue
b) do reino vegetal: o epô (óleo de dendê), osùn (pó vermelho), aiyn (mel - sangue das flores), favas (sementes), vegetais, legumes, grãos, frutos (obi, orobô), raízes...
c) Do reino mineral: cobre, bronze, otás (pedras), areia, barro, terra...

O "sangue" branco:
a) do reino animal: sêmem, saliva, emí (hálito, sopro divino), plasma (em especial do igbin - espécie de caracol -), inan (velas)
b) reino vegetal: favas (sementes), seiva, sumo, alcool, bebidas brancas extraídas das palmeiras, yiérosùn (pó claro, extraído do iròsún) ori (espécie de manteiga vegetal), vegetal, legumes, grãos, frutos, raízes...
c) reino mineral: sais, giz, prata, chumbo, otás (pedras), areia, barro, terra...

O "sangue" preto:
a) do reino animal: cinzas de animais
b) reino vegetal; sumo escuro de certas plantas, o ilú (extraído do índigo) waji (pó azul), carvão vegetal, favas (sementes), vegetais, legumes, grãos, frutos, raízes...
c) Reino mineral: carvão, ferro, osun, otás (pedras), areia, barro, terra...

Existem lugares, sons, objetos e partes do corpo (dos animais em especial) impregnados de axé; o coração, fígado, pulmões, moela, rim, pés, mãos, rabo, ossos, dente, marfim, órgãos genitais; as raízes, folhas, água de rio, mar, chuva, lago, poço, cachoeira, orô (reza), adjá (espécie de sineta), ilús (atabaques)...

Toda oferenda e ato ritualístico implica na transmissão e revitalização do asé. Para que seja verdadeiramente ativo, deve provir da combinação daqueles elementos que permitam uma realização determinada. Receber asé , significa, incorporar os elementos simbólicos que representam os princípios vitais e essenciais de tudo o que existe. Trata-se de incorporar o aiyé e o orún , o nosso mundo e o além, no sentido de outro plano. O asé de um ilê é um poder de realização transmitido através de uma combinação que contém representações materiais e simbólicas do "branco", "vermelho" e "preto", do aiyé e orún. O asé é uma energia que se recebe, compartilha e distribui, através da prática ritual. É durante a iniciação que o asé do ilê e dos orixás é "plantado" e transmitido aos iniciados.

Candomble Do Brasil - Da Bahia da Casa de Oxumare

Candomble Do Brasil Do Bahia da Casa de Oxumare

Mestre Hilario and Mestre Erenilton Bagum Candomble Do Brasil Do Bahia da Casa de Oxumare

Candomble Do Brasil Do Bahia da Casa de Oxumare album info:

  • Artista - Mestre Hilario and Mestre Erenilton Bagum mp3
  • Album - Candomble Do Brasil Do Bahia da Casa de Oxumare mp3
  • Ano - 2007

Faixas:

  • Exu
  • Ogum
  • Oxossi
  • Omolu
  • Osanha
  • Oxumare
  • Iroko
  • Logunede
  • Oxum
  • Oba
  • Eua
  • Nana
  • Iemanja
  • Iansan
  • Xango
  • Oxala
  • Axe Otim Touo
  • Ile Oxumare
  • Beiji

* já está disponível para download, todas as faixas sem interrupções!

* Download do Álbum

*. Assim nasceu o Candombl na Bahia. a maior e mais popular nao do Candombl, …Il Ax Oxumare Bahia CandomblRecentemente a Lei Estadual 8.297 de 30 / 07 / 2002 declara de Utilidade Pblica a Casa de Oxumare, lei esta promulgada pela Presidncia da Assemblia Legislativa do Estado da Bahia. Casas de linhagem mista: tanto homens como mulheres podem assumir a liderana da casa. Teodora de Yemanj Iyalorix muito famosa no Rio de Janeiro; …Cogito - Uma viso crtica do mundo: Tema de Abril - 2 Parte …Essa evoluo no ritual de Umbanda, que naquela poca no era considerada religio brasileira, teve origem e fortalecimento no candombl da Bahia e do Rio de Janeiro, atravs de nomes como Me Menininha do Gantois (Maria Escolstica da …Empresa Brasileira de Comunicao abre seus canais para todas as …Veio na minha imagem, minha me Dona Alice dos Santos Silva uma mulher branca da Bahia no seu terreiro de candombl danando para sua Ians e o seu caboclo Boaidero, veio na minha cabea a imagem dos terreiros batendo na Boca do Rio e me … Em geral, membros de origem ketu so responsveis por boa parte dos terreiros mais tradicionais da Bahia. Os jjes e nags reexportados da Bahia …NAES DE CANDOMBL | Estancia de LuzEm termos de identidade cultural, forma uma subdiviso da cultura iorubana. *. FILHOS DO VENTO: Sincretismo, Templos (Candombl)Sociedade Cultural e Religiosa Il Axip - Il Axip - Salvador, Bahia. Maria da Neves da Encarnao Oya Biyi;

Exú o òrisá que come primeiro

Exú o òrisá que come primeiro

 

OFÓ - A FORÇA DA PALAVRA

 

OFÓ - A FORÇA DA PALAVRA

A RELAÇÃO DA PALAVRA NA COSMOGONIA YORUBA


Cosmogonia é uma palavra que dá origem aos princípios fundamentais da criação. A ciência sugere que a formação do universo esta relacionada a partir de uma explosão cósmica, prevalecendo valido para a cultura da sociedade mundial os registros radiotelescópios feitos através de décadas de estudos. Observando pelo lado de nossas questões religiosas, podemos observar e repassar o ensinamento da cosmogonia dentro dos terreiros através das citações da deidade maior conhecida pelo nome de Olódùmaré, o princípio fixo, fonte inalterável de energia criativa, Deus Supremo e Criador do universo e de todas as coisas nele contidas. Quando ele se comunica com as outras divindades, libera uma força em suas palavras que é entendida por nós com o nome de Òró, uma palavra que expressa o poder da criação e que só pode ser utilizada pelos sacerdotes quando precisam se entoar suas súplicas diretamente para Olódùmaré.
Elá é a divindade do tempo, o único mutável do panteão yorùbá e esta presente desde o princípio da criação, é também a fonte de tudo aquilo que chega ser criado. Quando Olódùmaré pensou em dar forma ao Àiyé, extraiu de dentro de si Elá e Òrunmilá, que representam os primeiros Ikole Òrun, nos princípios de expansão e contração. Eles representaram as simbologias dos Odú, o poder da transformação na criação da natureza e a aparição dos Imolé para a administração das forças de composição do Àiyé. Quando os Imolé levaram as substâncias para dar forma ao planeta, se tornam Igbamolé, forças invisíveis das coisas naturais que propiciaram a evolução, que em custo da evolução das espécies passaram a ser chamados de Irúnmole. Este é o processo Ifá que modifica a descida de um Ikole Òrun para Ikole Àiyé, ou seja, o mito da descida do corpo celeste para a criação da pessoa no mundo físico. Isto representa na cadeia da criação dos seres uma forma relativa e prática de organizar o número de seres e sua distribuição e evolução nos Mésón Òrun ordenada por Olódùmaré, rendendo para Òbátalá o equivalente para a ciência, a informação genética de todas as espécies.
Ifá conta que a criação aconteceu através do testamento expressado pela vontade de Olódùmaré, onde os Bàbálawos ensinam que a palavra tem que ser capaz de interagir entre as fontes de comunicação e fontes naturais, que por sua vez são controladas pelos deuses primordiais criados por Olódùmaré chamados Òrìsà ou Ebora. Basicamente, existe um complexo ritual e administrativo que envolve estas divindades com o principio da criação e formação de todas as coisas contidas no mundo dos vivos denominado Àiyé, mais a complexidade deste hemisfério organizado não esta somente centralizada nas formas que a natureza toma, mas sim na relação entre seres vivos, ancestrais, deuses primordiais e o Criador.
Quando nós recorrermos ao poder da palavra, queremos realçar o seguinte; Olódùmaré, transformou a evolução do universo a partir da sua vontade e repassou para os Òrìsà o modo mais apropriado para manter e transformar. Podemos notar que o repasse de informações partem através desta questão, observando que o ensino da palavra vem sendo aplicado por nossos ancestrais e vem sendo aplicado nas gerações da mesma forma que os alunos aprendem como seus professores, observamos então o poder que a palavra tem entre as questões do tempo e transformação.
Embora a palavra Òrò corresponda ao chamado e expressões de Olódùmaré com as divindades, o nome da interligação das palavras entre os homens se chama Òfó, que se expressam para realçar qualquer ritual dentro das tradições dos Òrìsà e Ifá. Òfó é também conhecido como encantação, que em particular causa a transformação das coisas na vida do homem, pelas preces enviadas para as forças naturais invocadas pelos sacerdotes. Sua energia deverá por eles ser bem aplicada e com clareza, para assim conseguirem alcançar a mais pura energia sem a qual nenhum ritual terá valor.
O ensino do poder na liturgia revelada pela palavra é aplicado nos templos da diversidade de segmentos relacionados as religiões afro-descendentes e no corpo literário das ramas de Ifá. Estão correlacionados nesta transmissão as Àdúrà, que são as rezas denominadas para as divindades e os poemas que correspondem aos 16 Odú Meji, signos principais de Ifá que formam outros 240 Omo Odú que são é a voz expressa de Olódùmaré no ato da criação.
Òrunmilá é o princípio Cardeal, testemunha e personagem principal de tudo aquilo que chega a ser criado, é o responsável da comunicação dos deuses com à humanidade e vice-versa. Sua atuação esta sempre presente em todos os segmentos e processos nos dois mundos. Ele observa e mantém as questões oraculares que são repassadas para os novos integrantes do corpo litúrgico de sacerdotes da nossa religião que devem ensinar os noviços como consultar as ligações entre o mundo material e o mundo espiritual. Neste momento é que os aprendizes estarão recebendo o poder da palavra na qualidade de Òfó, que tornará possível a comunicação para se obter respostas as premonições e revelações dos Odú em seus dilemas e feições.
Autoria: Asogun Érico
Bibliografia Consultada:
"Notas Sobre os Cultos dos Orixás e Voduns"
Pierre Verger
EDUSP - São Paulo

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Ofo Ase
Awo Fa'lokun Fatunmbi
O ritual mais fundamental utilizado no culto de Ifá e Orisa é o processo de oração para os versos sagrados de Ifá. No oriki (invocação), seguido ou não por uma oferenda para se pedir qualquer ajuda ou orientação, o importante é sentir a presença de Orisa, acompanhando o processo de invocação.
Se um oriki não conseguiu alcançar o efeito desejado, às vezes é necessário elevar o nível de ASE chamando o Orisa por um nome de louvor. Os nomes de Elogios são chamados ase ofo em ioruba, que significa "palavras de poder".
Para o estudante de Ifá e Orisa, a compreensão dos nomes de louvor do Espírito pode proporcionar uma nova visão sobre a essência interior das Forças da Natureza que está sendo chamado durante o processo de oração.
Vários nomes de louvor foram apresentados abaixo para assistir ao desenvolvimento de uma compreensão básica dos conceitos acima.

Ofo Ase Esu
Atobayjaye-eleso- oogun
Espírito que é suficiente para sustentar a vida, que tem medicina poderosa
Alagada-eye
Espírito que carrega uma espada de luz
Tabirigbongboon-abonija-wa-kumo
Espírito que encontra um grande clube para os que defendem
Alajiki
Espírito que é endereçado primeiro
Olofin-apkea-luu
Espírito que impõe a lei divina


Ofo Ase Osoosi
Ata -matase
Espírito que tem como objectivo a precisão,
Olog-arare
Espírito-que-guia-nos para a auto-domínio
Ofo Ase Ogun
Ogun-laka-aya-osinmole
Espírito-de-Ferro-poderoso Espírito-do-Céu e da Terra
Olu-irin
Chefe-de-Ferro
Olona
Espírito da estrada
Olumaki
Espírito de Força
Ofo Ase Obatala
A-ke-bi-ala
Espírito que traz a luz branca radiante
Alabalese
Espírito que conhece o future
Oluorogbo
Espírito do medicamento de verdade
Oluwo-igbo
Espirio do-mistério-da-floresta
Obanla
Espírito da Pureza
Ofo Ase Olokun
Ajibaaje
Espírito-que-descobre-abundância
Oba-Omi
Rei da água
Ofo Ase Yemoja
Olugbe-rere
Espírito que traz bondade
Agbomo-obinrin-welewele
Espírito-que-protege-as mulheres durante o parto
Omi-aribu-sola
Espírito de água torna um lugar de honra
Ofo Ase Oya
Afefe-jeje
Espírito do redemoinho
Efufu-lege-lege
Espírito do vento suave
Afefe-jeje
redemoinho
legelege Aferife
vento misterioso
Ofo Ase Sango
Arira
Rápido como um relâmpago
Bambi
Renascido espiritualmente
Oluoyo
Espirito de Oyo
Ato-ba-jaye-o
Espírito que é suficiente para sustentar a vida
Ofo Ase Osun
Osun-oyeyeni-mo
Espírito do rio está cheio de compreensão
Amo-awoma-ro
Espírito que não revela seus mistérios
Ore yeye
mãe Clemente
Yeye-onikii-Obalodo
Graciosa mãe, a rainha do rio
OFÓ PARA QUE NÃO FALTE DINHEIRO:
ODA OWO KI DA OLOKUN,
ODAIYI KI DA OLOSA,
OJU OMI KI PON ISAWURU,
ERUN KI UM KI IBALUWE MA RI OMI UM,
GERUGERU LEWE KUNDUKU IRU,
SUSUSU LEWE RUMO I BO,
EWE NLA KI PADA RU WEWE,
KI RO TILE TONA LORUN KI O WA NI OJUTO LARA,
OMO OWO KI KU LOJU OWO,
OMO ESE KI KU LOJU LESE,
OMO KI BO LOWO ALAKEDUN,
EWO ORISA.
OFO OLÓOJÓ ÒNÍ
Olóojó òní Ifá, mo júbà rè
Olú dáyé, mo júbà rè
Mo júbà omodé
Mo júbà àgbà
Bí èkòló bá júbà ilè
Ilè ó l’énun
Kí ìbá mi sé
Mo júbà àwon àgbààgbà méérìndílógún
Mo júbà bàbá mi “Ogun “
Mo tum júbà àwon Ìyá mi eléeye
Mo júbà Òrúnmìlà, ó gbáayé, ó gbóòrun
Òhuntí mo bá wí lóojó òní
Kí ó rí béè fún mi
E jòwó, májé kí ònòn mi díì
Níìtorí yìí ònòn kò dí mòn ojó
Ònon kò dí mòn oògùn
Òhuntí a bá ti wí fú Ògbà, l’Ògbá ngbà
Ti Ìlákòse ni sé láàwújo igbi
Ti Ekese ni sé láàwùjo Òwú
Olóojó Òní kí ó gbà òrò mi yèwò
Àsé!
Senhor e dono do dia Ifá, apresento-vos meus respeitos.
Senhor da terra, apresento-vos meus respeitos.
Meus respeitos aos mais jovens (novos).
Meus respeitos aos mais velhos.
Se a minhoca vai à terra respeitosamente,
A terra abre a boca aceitando-a
Que a bênção me seja dada.
Meus respeitos ao dezesseis mais velhos (Odú Àgbà).
Meus respeitos, meu pai “ Ogun “
Eu tomo a benção às minhas mães Senhora dos pássaros.
Meus respeitos, Orunmilá, aquele que vive na terra e vive no céu.
Qualquer coisa que eu diga no dia de hoje,
Que eu possa vê-la acontecer para mim.
Por favor, não permita que meus caminhos se fechem,
Porque os caminhos não se fecham para quem entende o dia,
Os caminhos não se fecham para quem entende a magia.
Qualquer coisa que eu diga para Ògbà, que Ògbà aceite.
Ìlákòse tornou-se o mais importante na assembléia dos caracóis,
Ekese tornou-se o mais importante na assembléia do algodão.
Senhor e dono do dia, que você aceite minhas palavras e verifique.
Que assim seja !
OFÒ TI ÀSE
Àse Òrìsà lenu mi o
Força de Orixá em minha boca
Àse Òrìsà lenu mi
Força de Orixá em minha boca
Gbogbo ohun mo tí wi
Toda minha voz é entendida
Níki irun ìmònle oba o
Ase Òrìsà lenu mi.
Força de Orixá em minha boca.
Asè
OFÒ FÚN BIBÓ ORÍ
(encantamento para propiciar a cabeça).
ORÚNMÌLÀ NÍ ODI ÈDÙN,
MO NÍ ODI ÈDÙN.
ÒRÚNMÌLÀ NÍ ODI ÈDÙN OKÀN,
MO NÍ ODI ÈDÙN OKÀN.
ONÍ TÍ EGBÉ ENI NBÁ LÓWÓ,
T’A ÀBÁ LÒWÒ,
Ò NÍ ORÍ ENI L’ÀÁ KÉPÈ.
ONÍ TÍ EGBÉ ENI BÁ À NSE,
OHUN RERE TÁÀBÁ RÍ OHUN RERE SE,
Ò NÍ ORÍ ENI L’ÀÁ KÉPÈ.
ORÍ MÌ, WÁ SE LÉ GBÈ LÉHÌN MI.
IGBA, IGBA, NÍ ORÒGBÒ NSO LÓKO;
IGBA, NÍ OBÌ NSO LÓKO .
IGBA, IGBA NÍ ATAARE NSO LÓKO.
IGBA , AJÉ KÓ WOLÉ TÓ MI WÁ.
OÒGÙN, ÀÌSÀN, EJÓ, WÀHÁLÀ,
IKÚ, ÀÍRÍJE, ÀÌRÍMU KÓ PÒÓRÁ .
TÍ EFUN BÁ WO INÚ OSÙN, ÁPÒÓRÁ .
KÍ GBOGBO WÀHÁLÀ MI PÒÓRÁ .
ÀWÍSE NÍ TI IFÁ, ÀFÒSE NÍ TI ÒRÚNMÌLÀ.
ÀBÁ TÍ ALÁGEMO BÁDÁ NI ÒRÌSÀ ÒKÈ NGBÀ.
KON KON NÍ EWÉ INÓN NJÓ,
WÀRÀ, WÀRÀ, NI OMODÉ NBO OKO ÈSÌSÌ.
ILÉ ÒGBÁ ÒNÒN Ò GBÁ NÍ TI ÀRÁGBÁ.
GBOGBO OHUN TÍ MO SO YÌÍ ,
KÍ ARÒ KÓ RÒ MÒ
ÀSE, ÀSE, ÀSE!
ÒRÚNMÌLÀ que fortifica os tristes,
Fortifique-me, eu estou triste.
Òrúnmìlà que fortifica o coração triste,
Fortifique o meu coração triste.
Senhor da comunidade, Aquele que é honrado e respeitado, é a cabeça de alguém cansado que invoca tua ajuda.
Senhor da comunidade, esteja conosco (me acompanhe),
Que as coisas boas nos encontrem, e que obtenhamos coisas boas, é a cabeça de alguém cansado que invoca tua a ajuda.
Minha cabeça, venha cobrir a casa e minha retaguarda.
Duzentos, duzentos, que orògbò cresça na floresta;
Duzentos, que obì cresça na floresta.
Duzentos, duzentos, que atare cresça na fazenda.
Duzentos, que o poder do dinheiro adentre minha casa.
Que as feitiçarias, as doenças, os problemas, as aflições,
A morte, a fome, a sede, desapareçam da minha vida.
Quando efun entra no osùn, ele desaparece.
Que todas as minhas aflições desapareçam.
Que a palavra de Ifá se realize, e a de Òrúnmìlà também.(como um canto)
E ao encontrarem Alágemo realizem-se através dos Òrìsà, que aceitam do alto.
A folha no fogo queima rapidamente, (que meus pedidos realizem-se assim).
Leite, leite, escorra para as crianças em quantidade, como é na Fazenda Èsìsì.
Que minha casa, meus caminhos, meus conhecidos se engrandeçam.
Que todos os meus votos façam desabrochar, e transformar-se para mim,
Afim de que ao nascer do dia eu encontre facilidades.
Assim seja!

Qual o significado de um ebó

 

Qual o significado de um ebó

O termo ebó (ẹbọ) tem pelo menos 2 significados práticos. O primeiro quando é usado para denominar um processo de limpeza, chamado também de sacudimento por muitos. O segundo quando é usado genericamente para o ato de fazer uma oferenda e as vezes para a oferenda em si, não importando se esta oferenda é uma comida ou sangue. A palavra ebó (ẹbọ) – significa sacrifício e devemos entender isso de uma forma ampla e não somente o que requer sangue.
O ebó (ẹbọ) uma oferenda a ser feita para os ancestrais ou orixá (òrìṣà) em agradecimento por benção recebidas ou na intenção de resolver problemas ou obstáculos, abrir portas e oportunidades. Os itens normalmente se compõe de itens comestíveis como frutas frescas, água, bebidas destiladas, mel e azeite. Além disso o ebó (ẹbọ) pode conter outros itens como dinheiro, roupas, búzios e ervas. Alguns tipos de ebó (ẹbọ) são colocados dentro de casa e outros devem ser colocados no tempo.
Ebó (ẹbọ), é assim uma oferta ritual, um forte elemento e o motivo final do processo de consulta ao oráculo. Ele tem uma função central no processo de consulta. O ritual de oferta consiste de uma liturgia elaborada com objetivo de apresentar uma comida e bebida através dos quais o homem manipulará e usará para intermediar com as divindades em seu próprio benefício. O relacionamento entre os seres humanos e as divindades é expressado e obtido através da execução de rituais e liturgias, e isso ocorre em qualquer religião sendo essa, a ritualização, a base da necessidade e existência das religiões uma vez que a sua razão é a ligação entre o homem e o divino.
A colocação ou citação do oráculo como parte do processo de um ebó (ẹbọ) é intencional, em se tratando de Candomblé ou de Ifá, não existe sentido em se estabelecer a necessidade de se fazer um ebó (ẹbọ) sem que o oráculo esteja envolvido.
Estamos tratando de uma processo de transmissão, equilíbrio e reposição de axé (àṣẹ) através de orixá (òrìṣà) e com a interferência de um “operador” qualificado o sacerdote, dessa forma a necessidade disso, a composição, local, etc. tem que ter sido definido através do oráculo, é assim que as coisas funcionam, isso não é Umbanda.
Os rituais e litugias conectam o mundo físico ao mundo espiritual de forma a trazer harmonia e equilíbrio para o nosso dia a dia. A realização das liturgia e rituais através do ebó (ẹbọ) re-ordena e corrige o relacionamento entre a divindade e o homem trazendo o equilíbrio que se deseja.
Segundo Abímbọ́lá, todo conflito no cosmo Yorùbá pode ser eventualmente resolvido através do uso do ebó (ẹbọ). O sacrifício é a rama que traz a solução e tranquilidade ao universo e que ordena os problemas do dia a dia.
Quatro coisas são importantes para a eficácia de um ebó (ẹbọ). A primeira é o correto uso de cada elemento ritual que é especificado para o odù que foi revelado na consulta ao oráculo. Segundo isto tem que ter objetivo e propósitos reais e sinceros. Terceiro, tem que ser espiritualmente tratado por sacerdotes. Quarto, existe a necessidade de existir uma integração entre o sacerdote, o consulente e as forças espirituais que serão movimentadas para se obter o resultado desejado. Mais ainda, quando este relacionamento é próximo, as ervas, se forem necessárias, irão curar de fato.
Algumas vezes o ebó (ẹbọ) não virá na forma de uma oferenda física, mas sim através de regras de comportamento e proibições. Por exemplo, não frequentando alguns lugares, não consumindo determinado tipo de alimento, não fazendo determinado tipo de tarefa ou comportamento, adotando uma rotina de rezas, etc..
Uma parte muito importante de um ebó (ẹbọ) é se determinar a quantidade de tempo que ele vai ficar exposto e o local onde será colocado depois. Alguns Odú podem permitir colocar seu ebó (ẹbọ) em uma lixeira, mas normalmente algum lugar da natureza poderá ser a melhor escolha. Esta definição é parte do processo do oráculo.
Mas em relação a seu significado o mais importante é entender que o ebó (ẹbọ) é mais do que um conjunto de itens físicos. Ele é parte de um sistema de forças e energia que é movimentado no momento em que se inicia a consulta ao oráculo, quando olódùmarè se utilizará de Orunmilá (ọ̀rúnmìlà) e de seus ministros, os orixá (òrìṣà) e ancestrais, para poder mudar ou corrigir uma determinada situação, e neste processo, exu (èṣù) é o elemento transportador de energia, ou axé (àṣẹ). Assim todo o conjunto espiritual que compõe os fundamentos da religião se movimentam através de uma simples consulta a Ifá, ou seja, um jogo de búzios.

Não podemos entender o significado de um ebó (ẹbọ) se não compreendermos este sistema metafísico que está envolvido e suas diversas engrenagens. O oráculo diagnostica e nos remedia através de odù que recebemos no Opon (ọpọ́n). O odù serve para nos indicar o que existe em torno de nós, como uma mensagem, e também para nos trazer a energia bruta que será manipulada para resolver o problema. O odù é assim como se fosse uma “célula tronco” que através do olhador, das rezas e encantamento e do ebó (ẹbọ) será manipulado para se resolver o problema do consulente.
Este é inclusive um dos motivos que se indica não manipular odù se não se tiver o conhecimento necessário. Pode-se estar trazendo para perto de sí uma energia bruta não lapidada que pode influenciar a pessoa, sua casa e família de forma negativa se não for adequedamente conduzida e transformada. Se fosse simples não haveria necessidade de todo o conhecimento, todas as cerimônias de iniciação e todo o tempo de aprendizado no qual o olhador se alinha com as forças metafísicas e supernaturais que vão ajudá-lo no seu trabalho. Eu considero que não é apenas teoria ou cerimônias de iniciação, é necessário prática para que as engrenagens metafísicas de alinhem e se adaptem à pessoa.
O conceito básico do uso do ebó (ẹbọ) é que temos um desequilbrio de energia e isto está afetando a nossa vida, assim precisamos corrigir o àṣẹ́ do consulente e isto é feito através do odù que recebemos e da energia que está contida em cada elemento do ebó (ẹbọ) . Olódumàrè quando criou cada elemento na terra colocou nele um espírito ou uma energia metafísica que da a ele um propriedade especial. As folhas são elementos poderosos na acumulação dessas propriedades e por isso extremamentes importantes ao uso que damos. Esta energia está então contida em cada elemento existente no aiyé e sera extraída e manipulada através de um “operador” qualificado. Este operador empresta a esse processo o seu próprio aṣẹ́ que funcionando como uma “quintessência” irá retirar a energia própria de cada elemento do ebó (ẹbọ).
Seria muito simples se qualquer pessoa pudesse pegar um elemento “expremê-lo” e tirar dele a sua propriedade divina, como se tira o suco de uma fruta. As vezes isso pode ser assim e algumas pessoas tem o axé (àṣẹ) necessário para fazer isso e, por essa razão, é que algumas coisas funcionam quando feitos por uma pessoa e por outra não. O que eu penso é que esta propriedade divina, ou natural de cada elemento, não é um aṣẹ́ ainda no sentido que aṣẹ́ é a energia em movimento. Quem tem o aṣẹ́ somos nós seres vivos e o nosso aṣẹ́ é necessário para retirar a propriedade de cada material. É claro que as plantas estão vivas e por isso mesmo tem o axé (àṣẹ), isso é o que faz delas um componente tão importante e por isso que qualquer pessoa pode usar com bons resultados as ervas para fazer banhos. Independente do o axé (àṣẹ) dessa própria pessoa as folhas quando usadas frescas tem o seu próprio axé que é assim transmitido para quem recebe o banho.
A liturgia de quinar as ervas com cânticos e encantamentos e feitos pelo próprio sacerdote é uma processo liturgico mais forte porque diretamente está havendo manipulação, transferência e amplificação do o axé (àṣẹ) do sacerdote através das folhas, que se soma ao o axé (àṣẹ) das ervas fazendo fluir e acumular no banho de ervas preparado e encantado uma “bateria” viva de o axé (àṣẹ).

O uso de elementos preparados, manipulados e cozidos é uma outra variação e, através desse processo “alquímico”, estamos manipulando, transformando, amplificando e canalizando as propriedades de todos os elementos envolvidos para o fim que desejamos. Mas, nesse caso de elementos preparados, as suas propriedades são estáticas, como um alimento comum. A “virtude” existe neles, mas será o aṣẹ́ do sacerdote que irá colocar isso em movimento retirando deles essa propriedade e fazendo-a funcionar na forma de energia dinâmica, ou seja o axé (àṣẹ).
Neste momento estamos também colocando em movimento uma aṣẹ́ muito mais importante que é o das divindades, os orixá (òrìṣà), que assistem o sacerdote e que irão se utilizar da propriedades desse elementos que estarão preparados para o uso através do seu o axé (àṣẹ). Aqui então entramos na área onde devemos entender as especializações das divindades. Cada orixá (òrìṣà) tem afinidades com elementos e locais que faze parte do aiyé. O sacerdote deve conhecer essas afinidades para que possa se utilizar disso.
Desta forma ao usarmos o axé (àṣẹ) de uma divindade temos que conhecer os elementos que fazem parte de sua afinidade e a forma de serem preparados para a amplificação ou mesmo abertura de suas propriedades. A natureza e todo o aiyé é um repositório de energias metafísicas e o sacerdote deve, com um garimpeiro ou como um lavrador, procurar os locais onde ela aflora e se manifesta ou também cultivar locais onde estas energias se concentrarão. Um terreiro ou casa de santo é um local que é então preparado para acumular ou fazer aflorar a energia do aiyé e dos orixá (òrìṣà). Dessa forma muitos ẹbọ serão feitos na própria casa de santo. Em outros casos o sacerdote vai procurar o seu local de afloramento, circulação ou acumulação na própria natureza. Não se pode por exemplo ter a energia de uma praia dentro do terreiro, ou de uma estrada ou de uma encruzilhada, ou do alto de uma montanha, etc...
É o conhecimento desse fundamentos que permite a um bom sacerdote ter os melhores e mais efetivos resultados. Uma pessoa com conhecimento e axé (àṣẹ) poderá amplificar as energias da natureza, dos elementos e dos òriṣà, obtendo os resultados mais efetivos. Os locais da natureza, o cuidado do sacerdote na manutenção do seu axé (àṣẹ) (pelas suas obrigações, observância de preceitos, afastamentos dos ewọ̀ do seu odù e orixá (òrìṣà)), as horas do dia e dias do mês (em função de horários e fase da lua mais apropriados) e as cantigas e encantamentos serão no seu conjunto e individualmente elementos que aplificarão a energia e por isso mesmo dão mais eficácia ao ebó (ẹbọ).
Assim o ebó (ẹbọ) é formado pelo conjunto de tudo isso que citei aqui. Elementos que contém virtudes divinas e mesmo aṣẹ́, como é o caso das folhas, da energia que está na natureza, do axé (àṣẹ) dos orixá (òrìṣà) e do axé (àṣẹ) do próprio sacerdote, que ao longo de toda sua vida acumula não só conhecimento como também acumula aṣẹ́ para poder ser transmitido para que ele ajuda ou para retirar e ser amplificado pelos elementos que ele manipula.
Não podemos esquecer que em todo este processo o Orí da pessoa foi o elemento ativo de comunicação e como uma divindade pessoal do consulente nada poderá ou ocorreu sem o seu consentimento.
Assim quando a pessoa e seu Orí se sentam no espaço sagrado do olhador de Ifá este irá invocar ọ̀rúnmìlà para que este como o eleri ipin (ẹlẹ́rí ìpín), ou testemunho do compromisso entre o consulente e seu orí e olódùmarè, possa analisar a situação que está ocorrendo e avaliar se os problemas fazem parte do destino pessoal daquela pessoa ou não, são parte dos problemas de terra que podem ser eliminados ou amenizados. Neste momento ọ̀rúnmìlà é a boca através da qual falam o Orí, os orixá (òrìṣà) e ancestrais do consulente e, sem dúvida nenhuma olódùmarè que sempre está presente em nossa vida.
O odú contém ao mesmo tempo a mensagem e a solução do problema e tudo se faz através de energia e equilíbrio, mas sempre através das mãos das divindades que assistem a vida do consulente. Desta forma os elementos físicos que compõe o ẹbọ trazem suas energias individuais e seu axé (àṣẹ). O elementos físico será transmutado em energia que será utilizada como força a ser colocada em movimento por estas divindades para atuar na situação colocada.
Por fim eu gostaria de abordar uma mistificação ligada a ebó (ẹbọ). De nenhuma maneira ao fazermos um ebó (ẹbọ) estamos alimentando divindades ou espíritos. Estamos dando início a uma roda de energia que irá ser movimentada em benefício do próprio consulente, ou seja, estamos dando ignição a uma corrente do bem. Desta maneira tudo o que é colocado em um ebó (ẹbọ) desde a qualidade dos elementos até o carinho que isto é feito irá retornar para nós mesmos.
Uma divindade não necessita de comer, o seu nível de evolução espiritual a coloca em uma condição que elas existem para nos ajudar e não ao contrário, mas, não estamos no Orun (ọ̀run) e sim no aiyé, desta maneira necessitamos transformar energia. Como todos sabemos energia não se cria do nada, se transforma a partir de uma fonte já existente. Por esta razão é que usamos o ẹbọ como uma fonte de energia que será gerada para que o que necessitamos de aṣẹ possa ser obtido.
É ridícula a imagem que passam de que aquela comida vai agradar a algum orixá (òrìṣà) e que ele assim comendo e bebendo vai se dispor a nos ajudar. É também ridícula a fala de que um espírito não nos ajuda porque não o ajudamos ou o alimentamos. Minha opinião é que este tipo de mistificação é a primeira coisa que deve ser esquecida por alguém que quer aprender algo.
(Paulo D'Èsù)

Qualidades do Orixá Exu

 

Qualidades do Orixá Exu

por Tomeje

Sobre a multiplicidade dos Orixás

Vamos separar a qualidade como é chamada no Brasil e em Portugal (em Cuba chama-se caminhos), dos títulos e de nomes tirados de cantigas como insistem pseudo sacerdotes.

Já sabemos que os orixás são venerados com outros nomes em regiões diferentes como: Iroko (Yoruba), Loko (Gege), Sango (Oyo), Oranfe (Ife), e isso torna o culto diferente.

Temos também o segundo nome designando o seu lugar de origem como Ogun Onire (Ire), Osun Kare (Kare),etc, também temos os orixás com outros nomes referentes às suas realizações como Ogun Mejeje que se refere às lutas contra as 7 cidades antes de invadir Ire, e Iya Ori, a versão de Yemanja como dona das cabeças, etc.

Há portanto uma caracterização variada das principais divindades, ou seja, uma mesma divindade com vários nomes e, é isso que multiplica os orixás no Brasil e em Portugal.

Vamos começar com Exu o primeiro orixá criado por Olorun de matéria do
planeta segundo a sua mitologia, ele possui a função de executor, observador,
mensageiro, líder, etc. Alem dos nomes citados aqui, que são epítetos e nomes de cidades onde há o seu culto, ele será batizado com outros nomes no momento do seu assentamento, ritual especifico e odu do dia. Não será escrito na grafia Yoruba para melhor entendimento do leitor.

Os 16 múltiplos de Exú

Exú Yangui:a laterita vermelha, é a sua múltipla forma mais importante e que lhe confere a qualidade de Imolê ou divindade nos ritos da criação. Exú ligado a antigas e grandes sacerdotizas de Oxun.

Exú Agbà: o ancestral, epíteto referente à sua antiguidade.

Exú Igbá ketá: o exú da terceira cabaça

Exú Okòtò: o exú do carocol, o infinito.

Exú Oba Babá Exú: o rei pai de todos os Exús

Exú Odàrà: o senhor da felicidade ligado a Orinxa’Lá

Exú  Òsíjè: o mensageiro divino

Exú Elérù: o Senhor do carrego ritual.

Exú Enú Gbáríjo: a boca coletiva dos Orixás.

Exú Elegbárà: o senhor do poder mágico

Exú Bárà: o senhor do corpo

Exú L’Onan: o Senhor dos caminhos

Exú Ol’Obé: o senhor da Faca

Exú El’Ébo: o Senhor das oferendas

Exú Alàfìá: o Senhor sa satisfação Pessoal

Exú Oduso: o Senhor que vigia os Odús.

Exús que acompanham vários Orixás.

Exú Akesan: acompanha Oxumaré, etc

Exú Jelu ou Ijelu: acompanha Osolufun.

Exú Ína: responsável pela cerimónia do Ipade regulamentando o ritual.

ExúÒnan: acompanha Oxun, Oyá , Ogun, responsável pela porteira do Ketu.

Exú Ajonan: tinha o seu culto forte na antiga região Ijesa.

Exú Lálú: acompanha Odé, Ogun, Oxalá, etc

Exú Igbárábò: acompanha Yemanjá, Xangô, etc

Exú Tìrírí: acompanha Ogun

Exú Fokí ou Bàra Tòkí: acompanha Oyá e vários orixás

Exú:Lajìkí ou Bára Lajìkí: acompanha Ogun, Oyá e as posteiras.

Exú Sìjídì: acompanha Omolú, Nanã, etc

Exú Langìrí: a companha Osogiyan

Exú Álè: acompanha Omolú

Exú Àlákètú: acompanha Oxóssi

Exú Òrò: acompanha Odé, Logun

Exú Tòpá/Eruè: acompanha Ossayin

Exú Aríjídì: acompanha Oxun

Exú Asanà: acompanha Oxun

Exú L’Okè: acompanha Obá

Exú Ijedé: acompanha Logun

Exú Jinà: acompanha Oxumarè

Exú Íjenà: acompanha Ewá

Exú Jeresú: acompanha Obaluaiye

Exú Irokô; acompanha Iroko

Ose Dudu – Sabão Preto Africano

 

Ose Dudu – Sabão Preto Africano

Ao contrário dos sabões comerciais, que são feitos de produtos químicos sintéticos, o ose dudu é muito hidratante para a pele. Isso acontece porque é feito de dendê virgem e Manteiga de Karité.

A receita básica é secular, das antigas tradições, tendo sido transmitida ao longo de gerações.

É feito de forma artesanal, não sendo encontrado em farmácias, somente em lojas específicas de produtos africanos, normalmente na forma bruta.

O Sabão preto é conhecido na África Ocidental por vários nomes, mas o mais comum é Ose Dudu, que é derivado do Anago ou línguas iorubá da Nigéria, Benin e Togo. Significando, literalmente, sabão (ose) Preto (Dudu).

Embora conhecido como "negro", o sabão preto Africano varia de um marrom claro ao preto profundo, dependendo dos ingredientes e modo de preparação.

As cascas, folhas e vagens do cacau também são utilizadas para dar a cor característica.

O óleo usado para fazer o sabão varia de região para região, e inclui óleo de palma, óleo de palmiste, óleo de coco, manteiga de cacau e manteiga de karité. Qualquer combinação destes ingredientes é possível, e é determinado como base. Além disso, o cloreto de potássio, que é usado para fazer sabão preto africano, pode ser derivado a partir das cinzas de várias fontes vegetais, incluindo frutos do cacau, cascas de karité , folhas de bananeira e os subprodutos da produção de manteiga de karité.

O cloreto de potássio utilizado provém das cinzas de folhas de bananeira, resíduos de manteiga de karité e da casca de uma árvore local chamada Agow.

A casca é colhida de forma a não prejudicar a árvore.

O processo de elaboração do sabão é altamente sofisticado e exige a agitação das mãos, por pelo menos um dia inteiro, e um estágio de maturação (cura), por duas semanas.

O sabão pode ser processado por fusão , em fogo direto, com uma pequena quantidade de água. Durante esta fase de fusão, a textura do sabão se torna mais suave e há uma mudança de cor para um marrom chocolate.

O sabão derretido é então prensado em blocos, que podem ser cortados em barras para facilidade de uso.

O sabão preto é comumente feito pelas mãos de mulheres das aldeias africanas, que fazem o sabão para si e para sustentar suas famílias.

As mesmas mulheres que fazem sabão preto optam por usar apenas sabão preto em seus bebês, pois a pureza do sabão faz com que não resseque a pele. Na verdade, o sabão preto é geralmente o único sabão utilizado na maioria dos países do oeste Africano. É uma fonte natural de vitaminas A, E e ferro, ajudando a fortalecer a pele e cabelo.

Por séculos, os ganenses e nigerianos têm usado sabão preto para ajudar a aliviar a oleosidade da pele, a psoríase, a acne, as manchas claras e vários outros problemas de pele.

As mulheres africanas usam-no durante a gravidez, para mantê-las sem estrias.

Sua utilização dentro do Culto Tradicional Yorubá:
Banhos de limpeza espiritual, Afoxé (encantamento usado em um chifre), bem como no preparo de outras Oògùn (medicina/remédio/magia).

As magias serão preparadas da seguinte forma:

Através de uma consulta a Ifá, o Sacerdote irá identificar as causas do transtorno, e sobre ela irá intervir com tratamentos que irão atuar a nível espiritual e/ou biológico.

Após identificar quais elementos utilizar, como: ervas  e/ou plantas específicas; cascas, rezina ou favas de árvores; Minerais; Fósseis, Pele e Sangue de animais; entre outros... Ele irá misturá-los a massa base do sabão e fará, então,  um encantamento, utilizando palavras mágicas que darão poder ao sabão (Ofó), transformando-o assim num elemento mítico, com poderes de cura.

Fonte: Textos pesquisados na web e adaptados por oyadeji

ODÉ O GRANDE CAÇADOR (O FILME) TRAILER OFICIAL

 

ODÉ O GRANDE CAÇADOR (O FILME) TRAILER OFICIAL

 

Clip de divulgação do portal Yoruba.com.br, usando o trechos do filme 10.000 A.C

Centenário do Ilê Opo Afonjá

 

Centenário do Ilê Opo Afonjá

 

Filme - Jardim das Folhas Sagradas

Jardim das Folhas Sagradas



Jardim das Folhas Sagradas conta a história de Bonfim, negro baiano que tem sua vida virada pelo avesso com a revelação de que precisa abrir um terreiro de candomblé. Com os espaços disponíveis cada vez mais raros, ele acaba procurando um lugar na periferia empobrecida e degradada. Afastado da tradição e questionando fundamentos como o sacrifício de animais, Bonfim cria um terreiro modernizado e descaracterizado, o que lhe trará graves conseqüências. 

Numa época em que o crescimento urbano acelerado e a favelização transformam as cidades em espaços cada vez menos habitáveis, o candomblé, religião ancestral trazida pelos escravos africanos, tem uma grande lição de convívio e preservação da natureza a oferecer. A Bonfim e a toda cidade de Salvador. 

FILME COMPLETO


Direção de Pola Ribeiro
Produção Studio Brasil, lançamento em 2009.
Mais informações no site
www.jardimdasfolhassagradas.com.br


Documentário Axé do Acarajé

 

Documentário Axé do Acarajé

Axé do Acarajé documenta o registro do ofício das baianas de acarajé como bem cultural imaterial do Brasil. O vídeo, dirigido por Pola Ribeiro, foi uma encomenda da Fundação Palmares.

 

GRUPO ORISHAS

 

GRUPO ORISHAS

Orishas é um grupo de rap originário de Cuba. Suas músicas retratam os problemas da periferia de Havana. É muito popular na Europa e na América Latina. Os membros do grupo, Yotuel, Roldan e Ruzzo, conheceram-se em Paris e fundaram o grupo, que sofreu influências do hip-hop e de ritmos cubanos e latinos. O grupo integra a trilha sonora do filme “Dirty Dancing 2″ com o single “Represent Cuba” ao qual juntaram a participação especial de Heather Headley.

O nome “Orishas” é uma alusão à crença dos integrantes nos orixás, entidades tidas como divindades pelos praticantes do candomblé e outras denominações de origem africanas. Isso é evidenciado em algumas de (das) suas letras como “Nací Orichas” e “Canto Para Elewa y Changó”.

Ketú terra de òrisá - Exú

 

rar

candomble.-.ketu.terra.de.orixa.2.-.exu

Download do Álbum

ketu terra de orixa - oxossi

 

rar

candomble.-.ketu.terra.de.orixa.-.oxossi

Download do Álbum

ketu terra de orixa - ogun

 

rar

candomble.-.ketu.terra.de.orixa.- ogun

Download do álbum

Voodoo

 

Voodoo Drums In Hi-Fi

01- Contradanse - Avant Simple With Flute
02- Ti-Roro Drum Solo I
03- Ti-Joe Carabien
04- Meringue With Flute
05- Nan Point La Vie Encore Oh!
06- Laissez Yo Di
07- Rara Riffs
08- Contradanse - Avant Simple With Accordion
09- Annonce on Zange Nan Dlo
10- Contradanse - Avant Simple And Meringue With Flute
11- La Misere Pa Douce!
12- Ti-Roro Drum Solo II

Lançamento: 1958, selo: Atlantic.

Nota 1:

Disco urltra-raríssimo, aqui estão representadas algumas canções tradicionais do Vodu Haitiano. Percebe-se nitidamente a influência francesa na flauta e no mode de se tocá-la. A canção lembra, ainda, muitos grupos tradicionais do nordeste, talvez pela mesma mistura de influências musicais.

Nota 2:

O Vodu haitiano, chamado de Sèvis Gine (literalmente "Serviço da Guiné, ou Culto Africano"), tem também fortes elementos dos povos Congo da África Central, e dos Ibos e Yorubás da Nigéria, embora muitos outros povos diferentes ou "nações" da África estejam representação na liturgia do Sèvis Gine, tais como o culto dos índios Taíno, os povos originais das ilhas. Formas crioulas de Vodu existem no Haiti, na República Dominicana, em partes de Cuba, nos Estados Unidos, e em outros lugares em que os imigrantes do Haiti se dispersaram durante os anos. É similar a outras religiões da diáspora africana, tais como Lukumi ou Regla de Ocha (conhecida também como Santería) em Cuba, e o Candomblé e Umbanda no Brasil.
A maioria dos africanos que foram trazidos como escravos para o Haiti eram da Costa da Guiné da África ocidental, e seus descendentes são os primeiros praticantes do Vodu. A sobrevivência do sistema da crenças africanas no Haiti é incrível. Assim como aconteceu com o culto aos Voduns no Brasil, os africanos transplantados ao Haiti foram obrigados a disfarçar o seus Lowa, ou espíritos, como santos católicos romanos.
As influências no Vodu não são só africanas. Há numerosas influências indígenas Taíno, dentro do processo evolutivo a que o Vodu se submeteu ao longo da história do Haiti. E não podemos nos esquecer da grande influência do paganismo europeu no Catolicismo romano no panteão dos seu próprios santos. Vodu, como conhecemos no Haiti e na diáspora Haitiana hoje, é o resultado das pressões de muitas culturas e etnicidades diferentes dos povos que foram desarraigados da África e importados para as ilhas durante o comércio africano de escravos. Sob a escravidão, a cultura e a religião africanas foram suprimidas, as linhagens foram fragmentadas, e as pessoas tiveram que ocultar seu conhecimento religioso criando assim uma nova linguagem para seu culto.
Além do mais, para combinar os espíritos de muitas e diferentes nações africanas e indígenas, as partes da liturgia católica romana foram incorporadas para substituir rezas ou elementos perdidos. As imagens de santos católicos são usadas para representar os vários espíritos ou "misteh" ("mistérios", o termo preferido no Haiti), e muitos santos são honrados no Vodu em seu próprio fundamento católico. Este sincretismo permite uma abrangência que engloba o africano, o indígena, e os antepassados europeus de uma maneira completa. É verdadeiramente a "Religião de Kreyòl (Crioulos, mestiços)".
Historicamente, o Vodu possui uma importância basilar no Haiti, pois sem ele o país praticamente não existiria: a cerimônia mais importante do Vodu Haitiano foi a Bwa Kayiman ou Bois Caïman de agosto de 1791, que deu início à Revolução Haitiana, em que o espírito do vodun Ezili Dantor possuiu um padre e pediu um porco preto como oferenda. Através do padre o vodun Ezili incitou todos as pessoas presentes a comprometeram-se com a luta pela liberdade. Esta cerimônia resultou finalmente na libertação dos povos do Haiti da dominação colonial francesa em 1804, e o estabelecimento da primeira república de povos negros na história do mundo.
O Vodu Haitiano cresceu nos Estados Unidos de forma significativa a partir do final dos anos 1960 e começo dos anos 1970 com as levas de imigrantes haitianos fugindo do regime opressivo de Duvalier, estabelecendo-se em Miami, Nova Iorque, Chicago, e outras cidades.
No Vodu haitiano acredita-se, de acordo com tradição africana difundida, que há um Deus que é o criador de tudo, chamado de "Bondje" (do francês "bon Dieu" ou "bom deus", distinguido do Deus dos brancos em um discurso dramático feito pelo houngan Boukman em Bwa Kayiman, mas é considerado frequentemente o mesmo Deus da Igreja Católica de maneira informal. Bondje é distante de sua criação, e assim é que são os espíritos ou os "mistérios", "santos", ou "anjos" que o voduísta invoca para a ajudá-lo, assim como os antepassados. O voduísta adora a Deus, e serve aos espíritos, que são tratados com honra e respeito como se fossem membros mais velhos de uma casa. Diz-se que são vinte e uma nações ou "nanchons" dos espíritos, também chamadas às vezes "Lowa-yo". Algumas das nações mais importantes do Lowa são o Rada, o Nago, e o Kongo.
Os espíritos baixam também nas "famílias" que compartilham de um sobrenome, como Ogou, ou Ezili, ou Azaka ou Ghede. Por exemplo, "Ezili" é uma família, Ezili Dantor e Ezili Freda são dois espíritos individuais nessa família. A família de Ogou é de soldados, o Ezili governa as esferas femininas da vida, o Azaka governa a agricultura, o Ghede governa a esfera da morte e da fertilidade. No Vodu dominicano, há também uma família de Água Doce ou "das águas doces", que abrange todos os espíritos dos índios. Na encantaria brasileira, particularmente no Tambor de Mina, com forte influência do culto Jeje africano, onde há o culto aos Voduns, há a presença de famílias espirituais, como a dos nobres, da baía do lençol, etc.
No Vodu há centenas de lowas. Os lowas mais conhecidos são Dambala Wedo (o deus serpente), Papa Legba Atibon, e Agwe Tawoyo. No Vodu haitiano os espíritos são divididos de acordo com sua natureza em basicamente duas categorias, se são quentes ou frios. Os espíritos frios entram sob a categoria Rada, e os espíritos quentes entram sob a categoria Petro. Os espíritos de Rada são familiares e vêm na maior parte da África, e os espíritos de Petro são na maior parte nativos do Haiti e requerem mais atenção do que o Rada, mas ambos podem ser perigosos se irritados ou contrariados. Nenhum é "bom" ou "mau" com relação ao outro. Diz-se que todos os seres humanos possuem espíritos protetores, e cada pessoa é considerada como tendo um relacionamento especial com um espírito particular, que é dito "possuir sua cabeça", porém uma pessoa pode ter um lowa, que possui sua cabeça, ou "met tet", que pode ou não ser o espírito mais ativo na vida de alguém de acordo com os haitianos. Ao servir os espíritos, o voduísta busca conseguir a harmonia com sua própria natureza individual e o mundo em torno dele, manifestado como fonte de poder pessoal relacionado à vida. Parte desta harmonia é preservar o relacionamento social dentro do contexto da família e da comunidade. Uma casa ou uma sociedade de Vodu é organizada pela metáfora de uma família extensa, e os noviços são os "filhos" de seus iniciadores, com o sentido da hierarquia e da obrigação mútua que implica em respeito e continuidade, num sistema semelhante ao da Umbanda no Brasil.
A maioria de voduístas não-iniciada, é vista como "bosal"; não é uma exigência ser um iniciado a fim de servir aos espíritos. Há um clero no Vodu haitiano, cuja responsabilidade é preservar os rituais e as canções e manter o relacionamento entre os espíritos e a comunidade como um todo (embora isto seja responsabilidade de toda a comunidade também). Encarregados de conduzir o culto a todos os espíritos de sua linhagem, os sacerdotes são conhecidos como "Houngans" e sacerdotisas como "Mambos". Abaixo dos Houngans e das Mambos estão os Hounsis, que são os noviços que atuam como assistentes durante cerimônias e que são dedicados a seus próprios mistérios pessoais. Ninguém serve a qualquer Lowa somente de acordo com o próprio destino ou natureza. Os espíritos que uma pessoa tem como mentores pode ser revelado em uma cerimônia, em uma leitura, ou nos sonhos. Entretanto, todo voduista serve também aos espíritos de seus próprios antepassados de sangue, e este aspecto importante da prática do Vodu é frequentemente subestimado pelos estudiosos que não compreendem seu significado. O culto do antepassado é de fato a base da religião Vodu, e muitos Lowas como Agassu (um antigo rei do Daomé) por exemplo, são de facto, ancestrais que foram elevados ao grau de divindade.

Após um dia ou dois de preparação de altares, preparando ritualmente e cozinhando os alimentos rituais, um ritual de Vodu haitiano começa com uma série de preces e de cantigas católicas em francês, e então uma litania em Kreyol e no "langaj africano" que abrange todos os santos e Lowas honrados pela casa. Depois, uma série das invocações para todos os espíritos principais da casa. Isto é chamado o "Priyè Gine" ou prece africana. O ritual começa com a saudação ao espírito dos tambores chamado de Hounto (no Brasil a palavra designa um ritmo ou o chefe tocador dos atabaques nas nações Fon: Huntó). A seguir as cantigas para todos os espíritos individuais são entoadas, começando com a família de Legba com todos os espíritos de Rada. Segue-se um intervalo e a parte Petro do ritual começa, terminando com as cantigas para a família de Ghede. Ao serem entoadas as cantigas os espíritos virão visitar os presentes através da mediunidade, conversando e interagindo com eles. Cada espírito é saudado e cumprimentado pelos noviços presentes aos quais darão consultas, conselhos e curas àqueles que solicitarem por sua ajuda.
Muitas horas mais tarde nas primeiras horas da manhã, a última canção é entoada, despede-se os convidados, e todos os Hounsis, Houngans e Mambos esgotados podem ir dormir.
Individualmente, um voduista ou um "sevité"/"serviteur" pode ter um ou mais altares preparados para seus antepassados aos quais louvam com retratos ou estátuas, perfumes, alimentos, e outras coisas preferidas por eles. O altar mais básico é apenas uma vela branca e um copo de água e uma flor, configuração que lembra em muito os primeiros congás Umbandistas ligados à tradição de Zélio de Morais.
No dia de um espírito particular, acende-se uma vela e reza-se o Pai Nosso e Ave Maria, sauda-se Papa Legba e pede-lhe para abrir a porta, e então sauda-se ao espírito particular como um membro mais velho da família. Os antepassados são chamados diretamente, sem mediação de Papa Legba, já que são "do sangue".

Os valores culturais que o Vodu engloba giram em torno das idéias da honra e do respeito - a Deus, aos espíritos, à família, à sociedade, e a si mesmo. Há uma idéia particular de fundamentos próprios de cada Vodun, pois o que é apropriado a alguém que tenha como Vodun de cabeça um Dambala Wedo pode ser diferente de alguém com Ogou Feray, porque, por exemplo, um espírito está muito frio e outro está muito quente. O amor e a sustentação dentro da família da sociedade de Vodu parecem ser a consideração mais importante. A generosidade em dar à comunidade e aos pobres é também um valor importante. As dádivas vêm através da comunidade e há a idéia que deve-se estar disposto a retribuir por sua vez. Assim, não há "solitários" em Vodou, somente as pessoas separadas geograficamente de seus antepassados.
O Vodu Haitiano é antes uma tradição baseada na fertilidade e não discrimina homossexuais, ou pessoas de qualquer raça ou condição social. De fato, há hounfos, ou templos no Haiti cujo o clero é inteiramente de gays e lésbicas, etc. No Vodu Haitiano a orientação sexual de um praticante não é de nenhum interesse em um ambiente ritual. Entende-se apenas que aquela é a maneira em que o deus fez uma pessoa. Os Lowas ajudam a cada pessoa simplesmente a ser a pessoa que são.

Existe uma diversidade da prática no Vodu através do Haiti e da diáspora Haitiana. Por exemplo, no norte de Haiti o sèvis tèt ("lavagem de cabeça") ou o kanzwe pode ser a única iniciação, como na República Dominicana e em Cuba, enquanto que em Porto Príncipe e no sul praticam os ritos kanzo com três classes da iniciação – kanzo seltimo é a modalidade mais familiar da prática fora de Haiti. Algumas linhagens combinam ambos, como relata a Manbo Katherine Dunham de sua experiência pessoal em seu livro Island Possessed.
Ainda que a tendência geral de Vodu seja entendê-lo com suas raizes africanas, não há nenhuma forma definitiva de se praticá-lo, não há uma unidade ritualística, não codificação, só o que é certo em uma casa ou em uma linhagem particular. Os pequenos detalhes do serviço e dos espíritos servidos variarão da casa a casa, e a informação nos livros ou na Internet pode conseqüentemente parecer contraditória.
Não há nenhuma autoridade central ou "papa" no Vodu Haitiano já que "cada Mambo e Houngan são a cabeça de sua própria casa", como diz um provérbio popular no Haiti. Uma outra consideração importante é que existe no Haiti muitas seitas além do Sèvis Gine tal como o Makaya, Rara, e outras sociedades secretas, cada uma com seu próprio panteão distinto de espíritos.

O Vodu Haitiano influenciou o sul dos Estados Unidos, surgindo o sistema de mágica e religião popular conhecido como Voo Doo, que deriva primeiramente de práticas Congo e de Angola da África central. As melhores sobrevivências da religião possivelmente influenciada pelo Haiti no sul dos EUA, entretanto, se dá dentro das igrejas espirituais Africano-Americanas de Nova Orleans. Uma seita cristã fundada por Mae Leafy em meados do século XX que incorpora a iconografica católica, adoração extática derivada de formas pentecostais e espiritismo. Uma característica das igrejas espirituais de Nova Orleans é honrar o espírito americano nativo chamado falcão preto.

O Vodu veio ser associado na mente popular com os fenômenos como "Zumbis" e "bonecas do vodu". Enquanto há uma evidência etnobotânica que se relaciona à criação do zumbi", é um fenômeno menor dentro da cultura rural do Haiti e não uma parte da religião de Vodu em si. Tais coisas caem sob os auspícios do "Bokor" ou do feiticeiro antes que do sacerdote do Lowa Gine. A prática de furar com agulhas "em bonecas vodu" foi usada como um método de amaldiçoar um indivíduo por alguns seguidores do que veio a ser chamado "Nova Orleans Voodoo", que é um variante local do Vodu.
Esta prática não é original ao Vodu de Nova Orleans e tem base em dispositivos mágicos Europeus tais como as bonecas "poppet" e ainda nos nkisi ou o bocio da África ocidental e central.
Embora não sejam características da religião Hatiana, as bonecas feitas para turistas podem ser encontradas no Iron Market em Port-au-Prince, capital do Haiti. A prática tornou-se associada ao Vodu na mente popular através dos filmes de horror.

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